terça-feira, 26 de julho de 2011

Entrevista com Ken Francis

Ken Francis se formou em História pela Universidade Federal do Paraná em 1999, mas aos 25 anos resolveu mudar de ramo. Em 2001 fez o curso de Cozinheiro Internacional no SENAC-PR. Depois de adquirir uma boa base gastronômica, Ken foi se aventurar durante um ano e três meses viajando pela Espanha, Inglaterra, Nova Zelândia, Malásia e Tailândia.
A cozinha tailandesa entrou no cronograma depois que trabalhou com um chef especialista na área na Inglaterra. Na Tailândia fez vários cursos: Baipai Cooking School, em Bangkok, curso básico de cozinha tailandesa e Blue Elephant Royal Thai Cuisine, também em Bangkok. Em março de 2007 fez o Royal Thai School of Culinary Arts, em Bang Saen, escola oficial do governo tailandês. Ken foi o primeiro brasileiro a se formar na instituição. O seu gosto pelo país asiático pode ter nascido durante os seus treinos de Muay thai, arte marcial tailandesa. Quando retornou ao Brasil, trabalhou em vários restaurantes e hotéis.
O chef passou pelo primeiro restaurante asiático de Curitiba, o Miss Saigon. Durante vários meses Ken Francis ministrou aulas no Espaço Gourmet Gastronomia. Seu nome ficou consagrado nos 5 anos em que foi chef do Lagundri Bistrô Asiático, tendo conquistado duas premiações da Revista Gula, segundo melhor na categoria étnico 2006 e primeiro lugar na categoria Asiática 2007. Agora o novo desafio do jovem chef é um restaurante em Salvador.

Quanto tempo trabalhou no Lagundri?

  • Minha história com o Lagundri surgiu do acaso. Eu já conhecia o Marcelo (Amaral, chef e proprietário do restaurante) por vários amigos em comum e nos encontramos perto do restaurante. Naquela época eu tinha acabado de voltar de minha primeira viagem à Tailândia e estava trabalhando num concorrente. O Lagundri ainda estava em obras! Conversamos e depois de um tempo fui procurá-lo e aí começou nossa parceria que durou 5 anos!

Como foi essa experiência?

  • Foi muito boa, conheci muitas pessoas legais, aprendi muito e evolui como profissional.

O que mais você aprendeu a frente do Lagundri?

  • Aprendi a sempre ser humilde, dividir meus méritos com minha equipe e manter a harmonia no trabalho, isto tem seu reflexo na comida.
Qual era o prato mais vendido?

  • Esta pergunta é complicada, tem dias e dias, mas acho que sempre os pratos de WOK têm boa saída.
Como você viu a aceitação do público curitibano com a culinária tailandesa?

  • Foi bem receptiva. O curitibano viaja muito, conhece boa comida e frequentemente está em São Paulo, que é a grande metrópole da América do Sul e está ao lado.
E como você acha que vai ser esta aceitação na Bahia?

  • Aqui é bem diferente. Ao contrário do Paraná, que quase não possui uma identidade gastronômica, a Bahia é uma das jóias da gastronomia nacional e coincidentemente a gastronomia Thai tem muito em comum, como por exemplo as frutas, o coentro, alguns condimentos e os frutos do mar muito presentes.
Quando pretende voltar para a Ásia?

  • Todos os dias (risos), mas gostaria que fosse em breve.
Como você vê a difusão da culinária tailandesa aqui no Brasil?

  • Têm alguns restaurantes muito bons, com reconhecimento internacional, mas existe muita porcaria também. Acho que o 100% original é impraticável, mas alguns clássicos devem ser mantidos a todo custo, em especial porque há pessoas bem informadas e viajadas. Sem contar estrangeiros que querem uma cozinha com qualidade e sabor original! Mas acho que está bem forte e os bons restaurantes podem colocá-la em evidência.
Os restaurantes que temos aqui oferecem pratos parecidos com os de lá?

  • Sim e não. Há pessoas que querem ir a um tailandês e comer o trivial. Comer, em minha opinião, e creio que na de pessoas de bom senso, vai além de simplesmente o ato de comer, é ter a sensação de estar em outro lugar, de vivenciar outra cultura de ter uma experiência diferente. A casa deve se preocupar com isto e treinar o pessoal para que faça com que o cliente tenha tal experiência. Também vender informação e cultura.
Qual é o prato mais típico da culinária tailandesa?

  • Na minha opinião os curries, eles sintetizam os sabores da cozinha Thai (doce, picante, ácido e salgado), isto sem contar no arroz Thai jasmine e seu sabor delicado.
Com relação aos temperos, tanto a culinária tailandesa quanto a cozinha típica baiana usam e abusam das pimentas. Têm alguma relação ou são diferentes?

  • A pimenta na cozinha baiana está localizada somente em alguns pratos. O baiano só come pimenta em pratos como acarajé e moqueca por exemplo. São poucos aqueles que comem pimenta em pratos Thai, na grande maioria dos pratos a pimenta é diminuída à pedido do cliente. Entretanto, o coentro é muito apreciado, tal como o leite de coco.
Como surgiu o convite para ir trabalhar na Bahia?

  • O convite surgiu por acaso, a princípio pensei que se tratasse de uma consultoria, mas me convidaram para conhecer o restaurante e senti que tinha algo a mais.
O que você espera dessa nova jornada?

  • É um desafio, trata-se de uma casa grande (Zen Thai Restaurant) e na terceira maior capital do Brasil. O público é diferente, o clima e a rotina de trabalho, mas já me encontro mais adaptado e estou apreciando muito esta nova empreitada. Tenho grande autonomia que foi dada pela diretoria: Gustavo, Marcello, Augusto, Paulo e Alessandro (apresentador da rede Globo local e um conhecido músico), isto sem contar no suporte e amizade que me foram dados pelo Chef Gildásio Bonfim, que é o chef geral do grupo que ainda conta com mais três casas. Estou apreciando este momento e seguramente farei uma história por aqui

Zen Thai Restaurant
Rua Conselheiro Pedro Luz, 311, Rio Vermelho.
Telefone: (71) 3335.0025 / 3334.6556 Salvador – Bahia

http://www.zenthairestaurant.com.br/

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