quarta-feira, 20 de julho de 2011


História da gastronomia japonesa não se dá de modo isolado. Para entender o que os japoneses trouxeram e assimilaram à sua gastronomia é necessário recuperar parte da sua história, cultura e geografia. O Japão é um país formado por inúmeras ilhas sendo quatro delas as principais (Hokkaido, Honshu, Shikoku, Kyushu). Suas condições geográficas influenciaram os costumes alimentares, uma vez que apenas 15% das terras são cultiváveis. A terra tornou-se preciosa e escassa demais para o desenvolvimento de campo de pastagem o que estimulou a produção de arroz e soja. O período de isolamento budista proibira o comércio exterior, expulsara os estrangeiros presentes no país e banira o cristianismo. Seus seguidores foram obrigados a manter uma dieta vegetariana, complementada por peixes, uma vez que não se podia matar nenhum animal mamífero e aves como galos e galinhas passaram a ser considerados animais sagrados.



Em 1868, quando o sistema feudal foi derrubado e o governo moderno consolidou-se no Japão, a carne teve seu consumo liberado. Devido à carência de técnicas tradicionais japonesas para o preparo de carne, o ocidente e a China foram as principais influencias para o desenvolvimento do preparo de pratos com carne. Como exemplo, o tonkatsu que é um prato originalmente europeu e que sofreu algumas modificações ao se tornar um prato típico japonês. O tempurá também tem sua influencia ocidental, acredita-se que sua origem está na fritura dos portugueses que aportaram no Japão no século XVI. No entanto, para os japoneses, o conhecimento da carne e de pratos com origem estrangeira não modificaram intensamente o costume das refeições em seus lares. A filosofia da arte culinária tradicional do Japão enfatiza limitar ao mínimo possível a interferência no alimento de maneira que se deve consumi-lo o mais próximo possível do seu estado natural.


A imigração japonesa no Brasil teve inicio em 1908 após um acordo entre os governos do Brasil e Japão. Em 28 de abril de 1908, 781 japoneses partiram de Kobe, no Japão, a bordo do navio Kasato Maru. Chegaram ao porto de Santos em 18 de junho de 1908 após 52 dias de viagem. Estes imigrantes dirigiram-se às lavouras cafeeiras de São Paulo e Norte do Paraná. Em um país onde não se produzia os insumos que serviam como base para sua alimentação, os imigrantes japoneses tiveram que improvisar e produzir tais insumos com matéria prima adaptada, alterando assim receitas tradicionais. Um exemplo foi o molho de soja (shoyu), tendo sua primeira fábrica inaugurada no Brasil em 1915 pelo imigrante Eitaro Kanda, sua receita levou ingredientes que o tornavam muito diferente do molho de soja produzido tradicionalmente no Japão. Atualmente a culinária japonesa está entre os principais gêneros culinários globais. Enquanto restaurantes clássicos servem pratos tradicionais e artesanais as churrascarias especializadas em teppanyaki oferecem pratos a quem não tem ainda um gosto tão refinado. À medida que a gastronomia japonesa ganhava espaço na Europa e nos Estados Unidos houve também o desenvolvimento de indústrias especializadas em produtos culinários que permitiram uma dependência cada vez menor dos produtos importados do Japão. O prestígio do sushi teve inicio com a inauguração , em 1972, de um sushi bar no New York’s Havard Club, o retiro da elite nova-iorquina. Durante as décadas de 70 e 80, o sushi popularizou-se entre os consumidores exigentes e sofisticados. A partir de 1990, a popularização do sushi mudou. Passou a ser possível encontra-lo em estabelecimentos de fast food e a necessidade de um habilidoso chef japonês deixou de ser pré-requisito em locais que passaram a comercializar o sushi.

Com todos esses fatores de expansão, à medida que a comunidade nipônica no Brasil impulsionava a produção local de produtos para a culinária japonesa paralelamente a gastronomia japonesa ganhava espaço na América e na Europa. A popularização dessa culinária em território brasileiro ganhava cada vez mais força com a comprovação em estatísticas que o Japão havia se tornado o país de maior longevidade do mundo devido seus hábitos alimentares saudáveis.

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